Arranjo Musical

segunda-feira, 16 de maio de 2011

ARRANJO E O ARRANJADOR

 
O arranjador deve ser um músico especializado e experiente. Pois o estudo do arranjo musical exigirá dele uma extensa bagagem musical. Para-se fazer um bom arranjo é necessário um grande conhecimento musical, pois esta atividade engloba muitos elementos diferentes. Para alcançar os objetivos de um bom arranjo, o músico deve dominar aspectos como: criação da base rítmica, contracantos e linhas de baixo (acompanhamento harmônico de base); a criação da base rítmica deve utilizar a métrica
e variações de ritmo, tais como a síncope, que caracterizam cada estilo. Deve-se ter cuidado com a instrumentação, pois um arranjo para flauta é diferente de um arranjopara piano, ou violão, que por sua vez é completamente diferente de um arranjo para orquestra.

O resultado obtido por cada formação é muito diferente e o arranjador deve conhecer e valorizar as virtudes de cada instrumento. Portanto, o arranjador deve estar preparado a fim de escrever para o maior número de instrumentos possíveis. Para isso deve-se conhecer suas respectivas extensões, seus timbres, tessituras, suas claves e a utilização dessas qualidades na linguagem de cada estilo.
Enfim, conhecer suas capacidades e limitações. Existem muitos outros aspectos que devem ser conhecidos pelo arranjador como:estilo, dinâmica, variações de andamento, expresão e outras instruções para os executantes; estruturação da peça, criação de seções de introdução, interlúdio e coda e repetições das seções principais e refrões, quando existentes.



Arranjo: Transporte de uma obra musical para outro destino. Redução de uma partitura de coro ou orquestra para o piano ou qualquer outro instrumento. Transformação de uma composição a fim de torná-la acessível a outras categorias de executantes, ou torná-la de acordo com as normas modernas da música.O arranjo pode incluir, também, o planejamento de momentos específicos na música para a improvisação instrumental ou vocal. Através dele usa-se as técnicas de rítmica, harmonia e contraponto para reorganizar a estrutura da peça de acordo com as habilidades dos músicos e os recursos disponíveis. Mas a finalidade de se fazer um arranjo pode ser inúmeras, e objetivos estéticos e os conceitos de belo ou agradável não podem ser objetivamente definidos. Pode servir para criar um contraste, não necessariamente mais belo, por exemplo, cenas de terror e suspense precisam de trilhas sonoras que causem um certo desconforto, dentre muitos outros exemplos.
Se o arranjador for dotado de uma impecável performance obterá êxito em seu arranjo. Relembrando o que dissemos anteriormente, para adquirirmos uma boa performance é necessário, em primeiro lugar, uma execução impecável – o domínio da técnica traz muita liberdade ao músico, pois ele se liberta das notas da partitura. Desta maneira fica mais fácil transcender a técnica. Em seguida muita prática, experiência e intuição.
Assim como um arranjo, ou uma adaptação começa com a melodia principal o arranjador deve automaticamente perceber a harmonia para poder acompanhá-la, pois ela caminha de acordo com a melodia.
Fazer um arranjo implica em preparar uma composição musical para a execução por um grupo específico. Este grupo pode ser tanto de vozes quanto de instrumentos musicais. O ideal é que façamos o arranjo de modo próprio, ele deve estar adaptado de acordo com o nível musical do grupo. Para isso o arranjador tem que conhecer o grupo, seus pontos fracos e fortes. Resumindo, temos que ter claramente na cabeça "para quem" está direcionado o arranjo. Josué Avelino em sua feliz afirmação disse que conhecer a capacidade técnica de quem irá tocar o arranjo, trará ao arranjador uma melhor percepção do que se pode escrever em relação à tonalidade, ao fraseado, aos ornamentos, ao grau de dificuldade de interpretação e todos os fundamentos que poderão enriquecer e embelezar o arranjo.
Outra coisa importante, citada por Josué Avelino, é que o músico saiba sobre encadeamento de acordes, pois assim é possível que se façam as inversões nos momentos certos.
Portanto, concluimos que o princípio do estudo do arranjo musical é muito além do que mero auxiliador da performance. Uma vez que para ser um arranjador é necessário ter muito mais do que uma boa performance.




O ARRANJO NA MÚSICA ERUDITA E NA MÚSICA POPULAR


Na música erudita tradicional o arranjo é menos flexível do que na música popular. Na música popular, geralmente, o compositor escreve canções com uma melodia básica e o acompanhamento rítmico/harmônico de um único instrumento (em geral piano ou guitarra). Conseguinte seu trabalho será de expandir a música para um conjunto mais abranjente, prover as partes complementares, como as linhas de baixo e ritmos, acrescentar solos e contracantos e preparar a música para a instrumentação desejada. É comum, por exemplo, que um grupo musical possua arranjos diferentes da mesma canção para gravação, execução ao vivo em teatros ou execução em grandes espaços, como estádios. O arranjo, na música popular, fez com que a música ficasse mais atraente para o público pelo swing e as diversas interpretações.
Parecia imprescindível a transformação da música popular em um produto palatável ao gosto de um público mais amplo, formador do mercado consumidor. É justamente nessa transformação que o arranjo desponta como atividade essencial para a indústria, enquanto possibilidade de "disciplinar" e revestir os sons populares.

Tornou-se comum também as execuções de música popular com instrumentação acústica ou com acompanhamento orquestral. Em gêneros como o jazz ou o choro, onde a improvisação é mais comum o arranjo fornece a estrutura temática e harmônica básica, deixando espaço para seções de improvisação. No jazz o arranjador também pode acrescentar material original ou citações de outras músicas, fazendo com que cada execução da mesma canção se torne um trabalho de múltiplos autores. Hoje em dia o arranjador pode acumular o papel de produtor musical e engenheiro de som e trabalhar na gravação das canções de um álbum ou na definição da forma que uma música terá em uma execução ao vivo.
Na música erudita o arranjo envolve a mudanças de instrumentação: transposição das notas e a adaptação da tessitura de cada instrumento tocado, assim também como a instrução na partitura quanto a técnica para se tocar a obra em questão. O arranjador erudito deve ter muito cuidado para preservar as características da composição original em uma nova instrumentação, isso exige um grande conhecimento da técnica e da extensão de cada instrumento. Uma das formas mais comuns de arranjo erudito é a redução da instrumentação. Peças compostas para orquestra podem ser reduzidas para a execução por grupos de câmara, por exemplo. Bach também usou concertos escritos por ele próprio para arranjá-lo para outros instrumentos. Isto foi, por muitos anos, algo muito praticado visto a falta de tempo dos compositores. Freqüentemente não usavam temas originais, mas sim temas pré-existentes para transformá-los numa nova obra, o que não passava de um arranjo musical. Assim como uma peça para orquestra pode ser reduzida, usa-se também o contrário: peças compostas para piano ou para instrumento solo, por exemplo, podem ser expandidos para serem executados por grandes orquestras ou corais.
Há muitas outras formas de arranjo como, por exemplo, é bastante comum que os compositores eruditos utilizem temas populares ou folclóricos e os apresentem com "roupagem" erudita. Esta prática teve grande expressão no "nacionalismo", movimento típico do final do período romântico e do modernismo.

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