Tecnologia e Música - Vinis, Mp3 e Direitos autorais

segunda-feira, 11 de julho de 2011


O artista como arte

SER ARTISTA É UMA ARTE!! a indústria é realmente decepcionante porque os artistas se contentam em ser medíocres!!“, disse Chris Brown em seu twitter na segunda-feira. E esse seu comentário não só faz sentido como também foi um dos grandes pontos abordados no último domingo, 7/11, no Debate Nokia sobre Tecnologia e Música. Lobão soltou já quase no fim da discussão: “é preciso restituir às boas bandas o desejo de chegar ao topo das paradas sem perder a qualidade”. Sim, porque, segundo ele, hoje todo mundo quer dinheiro e sucesso – não importa a que custo. E aí, o que chega ao mainstream se torna, em sua maioria, sinônimo de porcaria para aqueles que conhecem do assunto.

Com um computador e acesso a internet, qualquer um é artista. Ou acredita ser. Pitty, que saiu do que chama de “underground do underground” – a cena de rock na Bahia – comentou inclusive que, ao mesmo tempo em que maravilhosa – um espaço democrático, afinal, cheio de músicos (amadores ou não) – a tecnologia tem seu lado ruim. “As pessoas não querem ser artistas, elas querem ser famosas. Eu não quero ser mainstream, underground ou alternativa. Eu quero viver da minha música”.

 Questionamentos eternos

Além dos músicos Pitty e Lobão, Carlos Affonso de Souza, advogado e representante do Creative Commons no Brasil participou do painel. Em foco, os benefícios e prejuízos das tecnologias para o mercado musical: como precificar uma obra autoral? Como divulgá-la e vendê-la depois do estouro do MP3? O que é e o que não é pirataria? Por que as rádios no Brasil são tão restritas? São perguntas às vezes até intangíveis, mas que precisam ganhar espaço entre artistas, gravadoras, rádios e até mesmo o público.

erra do jabá?

O desabafo comum a ambos os músicos partiu da ideia de que, se na internet as músicas são ouvidas como são, é nas rádios que o grande público toma conhecimento delas. E para estar na rádio a dificuldade vai além do grande problema do jabá: é preciso se encaixar num padrão comercial nem sempre parecido com aquilo que foi inicialmente composto. “A cada novo single, o Martin, meu guitarrista, é o primeiro que sofre”, brinca Pitty, que já fez um desabafo bem lúcido em seu blog a respeito das rádios e o rock no início desse ano. O resumo, simples demais, veio de Lobão: “falta PAUDURESCÊNCIA no rock do Brasil”. E as rádios alimentam isso, exigindo que tudo seja “pop” demais o tempo todo. Enquanto isso, escondidas por aí, bandas de qualidade, mas que não se submetem às mudanças ou não têm dinheiro para pagar sua entrada na programação lutam por um lugarzinho ao sol sem nunca saber se conseguirão ou não. A verdade é que hoje não basta talento, tecnologia: é preciso dinheiro ou sorte também.
 
Direitos e formatos

Direitos autorais e formatos de áudio também foram destaque do debate. Afinal, imposto em cima de imposto e quem sai no prejuízo é a arte. “O que a gente vai fazer? Como continuar atribuindo valor para a música e vivendo dela nessa hora em que ela virou um arquivo solto, que qualquer um vai lá e pega?”, desafia a baiana. Foi a deixa para Lobão comentar a necessidade de valorização do vinil, que tem retornado às lojas atualmente depois de um tempo no limbo. Aliás, a defesa não foi só o vinil: foi da experiência auditiva como um todo.
O questionamento principal é: com toda essa tecnologia, os fones de ouvido baratos, os mp3 de baixa qualidade e a banalização do videoclipe, quando foi a última vez que você ouviu um álbum do início ao fim, colocando a música em primeiro lugar, captando todo o conceito que o artista criou ali? Pois é. Isso também se banalizou demais — o que pode não ser de todo ruim, mas é triste. Afinal, quem cria o faz com a intenção de que aquilo seja ser ouvido, observado, compreendido. Não há mais — não de todo, mas em grande parte do mundo — o ritual de ouvir um disco. As crianças de hoje riem-se diante de um CD, ora essa. Quem dirá de um bolachão. Mas vinil é tecnologia também, amigos. E há fones de ouvido que oferecem experiências auditivas incríveis. Os bons artistas continuam pensando em seus álbuns de forma íntima, escolhendo a ordem das músicas, mixando os áudios fora daqui. Então é tudo uma questão de escolha — e de lutarmos ou não para que isso não acabe. Afinal, “mais do que tecnologia, é o que você faz com ela”, não? E, se podemos fazer dela ferramenta para que a música se torne algo melhor e mais proveitoso, por que deixarmos que ela faça da música o que quiser?

fonte: http://vitroleiros.org/promocoes/debatenokia/vinis-mp3-e-direitos-autorais-tecnologia-e-musica-no-debatenokia/

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